A vontade de ter uma lojinha me acompanha há muitos anos, acho que desde que concluí a faculdade, em 2012. Essa vontade começou com a ideia de vender templates de blog, passou por uma loja de produtos feitos à mão em origami, até que chegou à forma que está hoje, uma lojinha que vende presentes fofos.
Falando assim, parece que foi a linha de pensamento de uma tarde, um processo fácil, mas não foi. Não que tenha sido difícil também, mas foi um caminho longo, por diversos fatores como: minhas inseguranças em não me achar capaz de ter um negócio próprio, mesmo que secundário e pequeno, ou ficar imaginando o que os outros pensariam disso, pelos mais variados motivos, além da preocupação se isso atrapalharia a minha vida profissional “oficial” e a procrastinação natural da rotina, em esperar a segunda-feira azul (se você nunca ouviu esse termo, ele significa esperar o momento em que sua vida esteja em um ritmo “ideal” para que você comece algo – o que, com meus 34 anos, garanto pra você que nunca acontece).
Mas as coisas foram acontecendo na minha vida de um jeito em que a loja foi se tornando uma opção natural, uma tábua de salvação, uma escolha por minha saúde mental e de afirmação do meu lugar no mundo, mais ou menos nessa ordem. Depois de criar o blog, a barreira que eu tinha em tirar uma ideia da cabeça foi quebrada, então me senti mais confiante em fazer a loja também, mas fui tocando a ideia devagar, comprando os produtos aos poucos, sob a dúvida se eu o uniria com o blog ou os faria separados.
Lá em 2018 eu tinha uma quantidade boa de produtos mas, como contei na primeira matéria desse blog, comecei a ter depressão e parei com todos os projetos. Em 2019, com muita ajuda do meu ex-marido, conseguimos lançar a loja mas, no mesmo ano, acabei parando novamente, pois me divorciei e precisei de uma pausa para mim.
Quando decidi voltar, em 2020, aconteceu algo bem inesperado: o lugar em que eu trabalhava proibiu todas as funcionárias de terem um negócio próprio, mesmo eu tendo avisado na entrevista sobre a minha intenção de ter uma loja e estando em um nicho diferente de produtos e público. Tivemos até que assinar um contrato sobre o assunto. E é em dificuldades como essa que eu pensava se as coisas estavam naturalmente caminhando para que eu desistisse ou se eram apenas provações, para que eu tivesse mais vontade de atingir os meus objetivos.
Eu não faço ideia se tudo na vida acontece com um propósito ou não, mas o fato de estar de volta na casa dos meus pais com tudo isso acontecendo me fez entender um dos motivos dessa vontade de ter um negócio próprio, que eu nunca tinha percebido: meus pais. Desde que eu nasci, meu pai sempre teve sua própria fábrica. Ele era muito bom no que fazia, e eu lembro de uma vez em que ele foi fazer uma experiência para trabalhar em um lugar que, na minha cabeça, era muito óbvio que seria melhor, pois ele teria um salário bom e fixo. Mas meu pai só foi trabalhar nesse lugar um único dia, no dia seguinte já estava de volta no seu próprio trabalho. E minha mãe sempre foi uma pessoa de múltiplas habilidades: quando estávamos em dificuldades financeiras ela sempre dava seu jeito, revendendo roupas, semi-jóias, Avon, fazendo pão de mel… eu acho que esse jeito dos dois, de muito esforço no trabalho próprio, acabou se alinhando à minha personalidade de não conseguir me encaixar facilmente em ambientes, e ter essa necessidade constante de ter um trabalho que reflita meus valores e satisfaça minha alma.
Resumindo: a loja é um sonho, resultado de vivências e DNA, ahahahaha. No final do ano passado eu saí do meu emprego e, em 2021, me dediquei à loja e ao meu estúdio de design. Tem sido uma jornada de muitas tentativas, erros e grana curta, mas também de muita paciência, estudo, trabalho árduo, acertos, apoio e leveza. De acordar de manhã e não querer outra vida. Espero que pro futuro esteja reservado ainda mais trabalho, criatividade, prosperidade e uma longa vida à Awn!