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A celebração da cultura japonesa em “Palavras que Borbulham como Refrigerante”

Eu estava morrendo de saudades de fazer uma resenha, então escolhi o filme do título para saciar essa vontade, já que foi o último filme a deixar o meu coração quentinho e entrar na minha lista de animações que indico para todo mundo, sem medo de errar.

A história de “Palavras que Borbulham como Refrigerante” gira em torno do Cerejinha e da Sorrisinho, dois adolescentes que se conhecem por acaso. Cerejinha tem como hobby o haikai, que são poemas japoneses, enquanto Sorrisinho é uma influenciadora digital, e essas duas atividades já demonstram, para os mais atentos, a riqueza da história: embora a base do filme seja a tensão romântica típica entre 2 adolescentes inseguros, o que torna esse filme tão especial é como ele demonstra os mais variados elementos tradicionais japoneses, aplicados no cotidiano da geração atual. Vou falar um pouquinho de 3 deles (a partir daqui, tem spoilers do filme!):

1. Haikai

O Haikai, ou Haiku, é um estilo de poesia japonesa, composto por 3 frases que representam 2 ideias concisas e objetivas, mas com grande carga poética. Para mim, foi uma grata surpresa ver um anime retratar o Haikai, pois é um elemento da cultura japonesa que tenho conhecimento há muito tempo, já que foi base para o TCC da minha irmã, mas nunca tinha visto com tanto destaque em nenhuma produção, e sentia falta disso. No geral, o filme reforça o poder das palavras e do ato de se expressar, e achei interessante resgatarem o Haikai para isso, ao mesmo tempo em que o protagonista usa o Twitter para divulgá-las.

“Luzes na noite de verão
Dão uma largada falsa
Ao pôr do sol”


Assistir ao filme legendado dá mais ritmo aos Haikais 😉

2. Daruma

Acredito que o Daruma seja um dos elementos mais populares da cultura japonesa, por materializar a busca por nossos sonhos, em um ritual fácil de entender: é só fazer o seu pedido para o Daruma e pintar um olho. Quando o pedido for atendido, pinte o outro.

O Daruma aparece várias vezes no decorrer da história, tanto pelo “Festival do Daruma” estar prestes a acontecer quanto para demonstrar as fases da vida em que os personagens se encontram: Cerejinha tem vários Darumas sem o olho pintando, indicando que sua vida está no início e os sonhos ainda estão por vir, enquanto o Sr. Fujiyama tem o Daruma com ambos os olhos pintados em sua loja de discos, indicando uma vida que já teve objetivos alcançados.

3. Festival

E não poderia faltar um bom festival para fechar a história! No Japão, existem cerca de 200 mil festivais (conhecidos como matsuri) ao longo do ano, que podem ser nacionais ou locais e, cada um, possui sua história, tradição e característica própria. No filme, podemos ver o “Festival do Daruma”, com elementos tradicionais dos festivais de verão no Japão: o uso de Yukata (vestimenta japonesa de verão, uma forma casual de quimono usada por homens, mulheres ou crianças), show de fogos de artifício e apresentação de dança, bem parecida com a que temos aqui no Brasil, no bon odori. Aliás, o filme dá uma saudade de um bon odori, né minha filha? Ahahahaha.

♡♡♡

Esses são os elementos da cultura japonesa que mais gostei de ver no filme, mas eu não poderia terminar essa resenha sem elogiar a construção dos personagens, além da estética e das cores, que fogem do tradicional e são puro deleite para quem ama ilustração.

E então, vocês assistiram “Palavras que Borbulham como Refrigerante”? O que mais gostaram? Se não viram, vão dar uma chance à ele? Me contem aqui nos comentários!

Título: Palavras que Borbulham como Refrigerante (Cider no You ni Kotoba ga Wakiagaru)
Ano de lançamento: 2021
Duração: 1h27 minutos (assistam tudo, inclusive as cenas dos créditos!)
Onde assistir: Netflix

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